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Apenas Mãos Dadas

Ainda estamos na luta por direitos iguais

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Foto: Staley Dai
Foto: Staley Dai

Tempos atrás estava caminhando em um shopping de Florianópolis, quando vi um casal de homens passando de mãos dadas. Tive um impacto porque isso a gente não vê a toda hora infelizmente. Percebi que eles não se importavam nem com os olhares preconceituosos e com as risadinhas de outras pessoas, isso é apenas um gesto tão comum, tão rotineiro de diversos casais.

Apenas um casal de namorados visivelmente apaixonados que podem ser humilhados, debochados e ridicularizados apenas por estarem demonstrando um sentimento de amor.

Foto: Karina Thomson
Foto: Karina Thomson

Isso me fez lembrar de um comercial do Banco da Nova Zelândia, que naquele ano foi o patrocinador da Parada Gay em Auckland. Além do patrocínio, o Banco fez um comercial e outras ações de apoio à causa LGBT.  O país é considerado um dos mais avançados nas políticas de inclusão e contra o preconceito.  No ano retrasado, a Primeira Ministra Jacinda foi a primeira a participar da Parada. Mostrando o apoio do governo a causa. Quantos governantes já vimos no Brasil ou no mundo com essa atitude?  Quantas empresas estatais ou não já vimos no Brasil com esse posicionamento ? Ainda são poucas, mas já tivemos ações da Natura, O Boticário, Resultados Digitiais, Netflix, Globo e mais algumas multinacionais que atuam em seu país com essa mesma política de inclusão como a Apple, Burger King e Microsoft. 

Mas vim falar justamente do vídeo, que você pode assistir logo abaixo. O comercial conseguiu ir direto ao ponto que aflige diversos homoafetivos. O comercial mostra diversos casais em situações do cotidiano, como ir ao cinema, andar de ônibus, visitar parentes, e como os olhares e até mesmo a presença de outras pessoas conseguem constranger um simples ato de estar de mãos dadas. Isso inclui muitos sentimentos, como o medo do que pode ocorrer. Esse comercial me impactou muito, pois me vi ali naquele comercial. E isso deveria ser um direito simples de todos os seres humanos.

Foto: Sandy Millar
Foto: Sandy Millar

Escrevo isso pois vivi isso na própria pele. Tive diversos relacionamentos que o medo fazia a gente nem se tocar publicamente, com medo da violência que isso podia gerar.  E quando tempo depois tive um relacionamento que estávamos andando na rua e ele pegou minha mão. Aquilo foi tão forte e tão bonito, e uma coisa que até os meus quarenta anos não havia vivido. Para muitos uma coisa tão simples, mas negado para tantos outros.

Por isso é tão importante a comunidade conseguir ser representada em filmes, músicas, peças de teatro, livros, programas de TV e em comerciais. Até para conseguir criar empatia em quem não é homoafetivo conseguir compreender e conviver com todos de uma forma humana.

Foto: Elena Rabkina
Foto: Elena Rabkina

Espero que realmente aquele casal do shopping sempre andem de mãos dadas em um mundo cada vez mais seguro e receptivo a toda a forma de amor. Espero que cada vez mais tenham casais nos shoppings, nas ruas, nas praias, nos cinemas, nos restaurantes, nos ônibus, nos encontros de família e onde mais desejarem. Quanto mais pessoas fizerem isso, mais comum vai ser. E com certeza cada vez menos teremos sorrisinhos ou olhares recriminatórios. E eu nem estou falando de outros casos homofóbicos mais graves, que isso agora é caso de polícia. E que eu também possa andar de mãos dadas com o meu amor.

Foto: Fleur Brebels
Foto: Fleur Brebels

Vendo como era no passado e todos os crimes que foram cometidos contra pessoas homoafetivas como Oscar Wilde, Alan Turing e todos os que lutaram contra isso começando por Stonewall. Bom ler o livro “Devassos no Paraíso” do João Silvério Trevisan que é um estudo fantástico da homossexualidade no Brasil desde a Colônia. Não tem como celebrar cada um desses que colocaram seu nome da história para agora termos uma vida muito melhor. Ainda falta muita coisa, mas estamos seguindo em frente.

E viva o amor!!!

Assista o comercial pró-casamento gay na Austrália.

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