Bom Crioulo é considerado o primeiro livro brasileiro sobre um relacionamento homoafetivo
E isso foi em 1895 e chocou a sociedade da época.
O livro “Bom Crioulo” é do escritor Adolfo Caminha e foi publicado em 1895 no Brasil. Seguindo o movimento naturalista, a história é sobre o ex-escravo Amaro e um jovem de 15 anos, que ainda conta um a entrada de Dona Carolina formando um triângulo amoroso, que já dá sinais de tragédia à vista.
Caso enha interesse no livro, abaixo segue o link da Amazon.
Mas eu não quero fazer uma crítica literária, e sim falar da nossa história que muita gente tenta negar, ou falar que nunca existimos. Mas a história do Bom Crioulo com certeza foi baseada em algo que o escritor tinha conhecimento. Estamos vivendo em uma época polarizada politicamente, mas também que estamos muito mais expostos.
O mundo realmente hoje parece estar em debate constante sobre a homofobia, machismo, feminismo, racismo, gordofobia e tantos outros temas que são de suma importância debater e cada vez mais deixar as pessoas informadas, para que os erros e preconceitos do passado não se repitam nessa e nas próximas gerações.
E nada melhor que estudar e saber mais sobre a história, a ciência, a psicologia e a sociologia. Se hoje vemos um jornalista na TV desejando feliz dia dos namorados para o seu amor que está em casa preparando o jantar, se vemos mais gays e lésbicas nos reality shows, propagandas, novelas, filmes e peças de teatros falando sobre a nossa realidade, cada vez mais artistas e personalidades assumindo a própria sexualidade, e tanto faz se forem gays, lésbicas, trans, bissexuais ou qualquer outra forma de ser, temos que ter em mente que muita gente antes de nós lutou para termos esse espaço. E muita gente sofreu muito e muito. Um dos livros mais importantes para se ler é “Devassos no Paraíso” do Trevisan. É um estudo sério e documentado sobre a nossa comunidade no Brasil Colônia até aqui.
Por isso meu interesse sobre o livro. E fui pesquisar a vida do autor, que teve uma vida hétero. Mas como Amaro, ele teve uma passagem pela Marinha Brasileira (na época chamada Marinha de Guerra). Ele se apaixonou por uma mulher casada, e essa mulher abandona o marido para viver com ele, com quem tem duas filhas.
Mas por causa do escândalo ele teve que sair da Marinha e trabalhar como funcionário público. Ele escreveu outros livros também como “Judite”, “A Normalista”, “No País dos Ianques”, o mais famoso “Bom Crioulo” entre outros e com mais duas obras inacabadas. Infelizmente o autor morreu muito jovem de tuberculose, aos 29 anos de idade no Rio de Janeiro.
Este livro pode ter sido o primeiro no Brasil, mas temos muitos outros livros sobre o assunto. Por isso leia, veja, ouça, viva, beije, ame.